
Isso ocorre porque:
No novo mundo, bebemos a casta.
No velho, bebemos o terroir, a região, a propriedade.
Há séculos o vinho faz parte da cultura dos países do velho mundo (França, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha) e sempre foram conhecidos pelo nome de seus produtores ou localidade de origem. Até hoje essa cultura existe no interior destes países. A cultura de ostentar nos rótulos o nome da família produtora ou da localidade de onde as uvas são provenientes sempre teve como objetivo enaltecer a qualidade reconhecida daquelas famílias ou regiões e vinhedos renomados. A casta da uva nunca foi algo importante e, no final das contas, não é sinônimo de qualidade.
Já no novo mundo, os produtores são sempre muito novos para serem reconhecidos pelo seu histórico na produção de vinhos, pelo menos quando comparados com famílias e propriedades centenárias do velho mundo. Por isso, os rótulos dos vinhos frequentemente apresentam a casta da uva utilizada na produção na busca de se criar alguma familiaridade junto aos consumidores. Podemos não conhecer o produtor ou a região onde o vinho foi produzido, mas nos sentimos minimamente conectados ao identificar no rótulo o nome de uma casta que nos agrada. No mar de inúmeras opções, a casta da uva acaba sendo uma forma sistemática e gerenciável de navegarmos pelos rótulos.
Mas não se deixe intimidar pelos complicados rótulos do velho mundo. Eles guardam surpresas maravilhosas. Com um pouco de pesquisa e algumas garrafas vazias, rapidamente será possível se familiarizar com este fantástico mundo de tradições e história.
Artigo gentilmente cedido pelo blog Terroirs: “Uva x Propriedade (ou por que a casta da uva não aparece no rótulo?)“. Outros artigos disponíveis em terroirs.com.br.